O que é a doença de Lúpus? - Affidea Portugal

July 26, 2019

O que é a doença de Lúpus?

O que é a doença de Lúpus, quais as causas, o que afeta, quais os sistemas, como se diagnostica e qual o tratatamento a seguir.

O que é?

O Lúpus é uma doença autoimune. Nas doenças autoimunes o sistema imunológico – que geralmente protege o organismo – ataca estruturas próprias, provocando alterações nas funções dos sistemas afetados.

Trata-se de uma doença multiorgânica, podendo atingir células de vários órgãos e sistemas, sendo, no entanto, a pele, o rim e as articulações os geralmente mais afetados.

É uma doença crónica, não havendo uma cura atual conhecida. Existem, contudo, fases de surto em que a doença está ativa e fases de remissão em que a doença se encontra inativa. Os períodos de remissão podem durar semanas, meses ou anos, sendo mais frequentes quando se cumprem as medidas preventivas e o tratamento adequados.

A palavra “Lúpus” vem do latim lupus, que significa “lobo”. Refere-se à erupção cutânea que surge no rosto, semelhante a uma borboleta e que faz lembrar as marcas brancas no focinho de um lobo.

Quais as causas?

Não se conhecem com precisão as causas que conduzem ao aparecimento de Lúpus.

Trata-se de uma doença multifactorial, sendo que fatores de ordem genética, hormonal e ambiental parecem estar implicados.

Existem diversos fatores que precipitam situações de crise: fatores ambientais – como stress, cansaço excessivo, privação de sono, luz solar ou artificial – mas também infeções, traumatismos, gravidez, etc.

Quem afeta?

O Lúpus afeta pessoas de todos os sexos, idades e etnias. Contudo, a maioria dos doentes com Lúpus são mulheres, cujo aparecimento da doença se manifesta sobretudo entre os 15 e os 55 anos de idade.

O sexo feminino é 8 a 10 vezes mais afetado que o sexo masculino. As mulheres de raça negra são 2 a 3 vezes mais afetadas do que as mulheres de outras etnias.

Os familiares de doentes com doenças autoimunes (Lúpus, Diabetes Tipo 1, Artrite Reumatóide, etc) têm maior probabilidade de serem afetados. Existe uma certa predisposição familiar. Contudo, o Lúpus não é considerado uma doença hereditária. A probabilidade de um filho de uma mulher com Lúpus manifestar a doença é de 2%, enquanto nas outras mulheres é de 0,4%.

Quais as diferentes formas de Lúpus?

Existem três tipos de Lúpus:
– Lúpus Eritematoso Sistémico (LES): doença generalizada, que pode afetar qualquer órgão ou sistema do corpo;
– Lúpus Eritematoso Discóide: forma limitada à pele, que pode evoluir para LES;
– Lúpus Iatrogénico: ocorre como consequência do uso de certos medicamentos ou drogas, sendo os sintomas muito semelhantes ao LES.

Quais os sintomas associados e como se diagnostica?

Como a doença pode atingir vários órgãos e sistemas, os sintomas podem ser muito variáveis. Geralmente não estão todos presentes em simultâneo, apenas se manifestando em determinadas fases da doença, o que pode dificultar o seu diagnóstico.

Os clínicos utilizam os “Onze critérios de Lúpus” da Associação Americana de Reumatologia para fazer ou excluir o diagnóstico:

– Exantema malar, em forma de borboleta (erupção cutânea no nariz e bochechas);

– Exantema discoide (manchas cutâneas vermelhas em forma de disco, ficando a pele mais elevada e podendo formar cicatriz; estas manchas podem aparecer no pescoço ou braços);

– Fotossensibilidade (erupção cutânea como resultado da exposição à luz solar ou artificial);

– Úlceras na boca ou nariz;

– Artrite (inflamação das articulações) em duas ou mais articulações, com inchaço, vermelhidão e possível dor mas sem destruição dos ossos envolventes;

– Inflamação das membranas que envolvem o coração (pericardite) e/ou os pulmões (pleurite), com possível dor torácica e tosse;

– Alterações do sistema nervoso central (convulsões, psicose, depressão);

– Alterações renais;

– Alterações hematológicas (anemia hemolítica, baixa contagem de glóbulos brancos ou plaquetas);

– Alterações imunológicas: presença de anticorpos anti-nucleares (ANA) na ausência de terapêutica farmacológica;

– Outras alterações imunológicas: Presença de anticorpos anti-DNAds; Presença de anticorpos anti-Sm; Presença de anticorpos anti-fosfolípido, com presença de anticorpos anti-cardiolipina (IgG ou IgM), anticoagulante lúpico ou resultados falso positivo para Treponema pallidum durante 6 meses.

O diagnóstico de Lúpus é feito pela presença de pelo menos quatro destes dados, dependendo, da combinação de elementos clínicos e laboratoriais. Os testes laboratoriais só por si não são suficientes para o diagnóstico. Contudo, em conjunto com os sintomas clínicos revelam-se muito úteis.

Para além destes sintomas, os doentes com Lúpus podem manifestar cansaço, perda de apetite, emagrecimento, perda de cabelo, extremidades das mãos/pés brancas ou azuladas e uma maior suscetibilidade a infeções, hemorragias e nódoas negras.

Qual o tratamento?

A deteção precoce e o tratamento são essenciais para diminuir a progressão e gravidade da doença.

O tratamento com fármacos é necessário para a maioria dos doentes, constituindo a maneira mais eficaz de tratar as formas graves da doença. Os medicamentos geralmente utilizados são os corticoides, os imunossupressores, os anti-inflamatórios, os anti-maláricos e as imunoglobulinas.

O objetivo do tratamento é a prevenção da lesão de órgãos essenciais e a manutenção da doença na fase inativa, de forma a possibilitar a melhor qualidade de vida possível para o doente.

Esta doença é geralmente acompanhada por médicos de Medicina Interna ou Reumatologia. As manifestações clínicas específicas, como alterações do rim e do coração, podem ser tratadas por médicos de especialidade em cada uma das áreas.

Tenho Lúpus. Que cuidados devo ter no meu dia-a-dia?

– Seguir o plano farmacológico recomendado pelo médico de forma rigorosa;

– Fazer consultas regularmente, sobretudo em períodos de stress, gravidez e cirurgias;

– Pedir aconselhamento médico para a melhor pílula em período fértil, evitando as que têm estrogénios em altas doses; evitar a terapêutica de substituição hormonal na menopausa;

– Planear a gravidez, recorrendo a uma consulta pré-concecional com um médico obstetra habituado a acompanhar doentes com Lúpus;

– Tratar as infeções o mais precocemente possível;

– Fazer uma alimentação saudável, com pouca ingestão calórica e pouco sal, sem ingestão de álcool, devendo a dieta ser ajustada caso a caso;

– Fazer exercício físico regular, embora sem esforços físicos exagerados, para prevenir a fraqueza muscular e fadiga;

– A fisioterapia e o exercício aeróbio em água ajudam a relaxar e manter a função dos músculos e articulações;

– Não forçar as articulações, dando-lhes alguns períodos de descanso diários;

– Repousar adequadamente, sobretudo em períodos de maior stress;

– Evitar a privação de sono;

– Evitar a exposição solar e as horas de maior exposição solar durante o Verão;

– Utilizar proteção solar diariamente;

– Utilizar vestuário adequado para prevenir a exposição solar (mangas compridas mesmo no Verão, roupa de cores claras, chapéus de abas largas);

– Frequentar locais preferencialmente arejados, sem luzes artificias e fluorescentes;

– Não fumar;

– Evitar o stress emocional;

– O acompanhamento psicológico, por vezes, é necessário.

Quais as análises laboratoriais que serão solicitadas?

No diagnóstico inicial e no seguimento da atividade da doença é comum realizarem-se as seguintes análises:

– Hemograma (possível diminuição de hemoglobina, plaquetas e dos glóbulos brancos, em particular dos linfócitos);
– Velocidade de sedimentação (possível elevação);
– Ureia e creatinina (possível elevação);
– Pesquisa de auto-anticorpos: ANA, DNAds, anti-Sm, U1-RNP, SS-A, SS-B, anticorpos anti-fosfolipidos anti-cardiolipina e anti-B2-glicoproteína (possível presença);
– Fatores do complemento C3, C4, CH50 e anti-C1q (possível diminuição).

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